João Acácio Pereira da Costa, mais conhecido como “Bandido da Luz Vermelha”, foi um dos criminosos mais notáveis do Brasil na década de 1960. Em uma manhã de agosto de 1976, enquanto tomava café da manhã em uma padaria de Curitiba, viu uma aproximação de policiais. Tentando escapar, João correu para o local onde estava hospedado, próximo da padaria, para buscar suas armas, um revólver calibre 38 e outro calibre 32.
Na época, João tinha 25 anos e já era um dos criminosos mais procurados do país. Ele preferia morrer em um tiroteio com a polícia do que ser preso. Contudo, ao entrar em sua hospedagem, foi surpreendido por um policial que o imobilizou. Assim, chegou ao fim a carreira criminosa do Bandido da Luz Vermelha.
O apelido “Bandido da Luz Vermelha” surgiu por sua tática de invadir mansões durante a madrugada, usando uma lanterna com filtro vermelho para não ser facilmente detectada. Após capturarem João, os policiais o levaram ao Departamento de Investigação, onde ele tentou tirar a própria vida, sem sucesso. Durante o interrogatório, ele confessou ter invadido mais de 20 mansões em São Paulo e cometido quatro assassinatos.
Crimes e Condenação
João foi condenado por diversos crimes, incluindo homicídios, assaltos e estupros. No total, recebeu uma sentença de 351 anos de prisão. No entanto, ele não cumpriu todo esse tempo. Em janeiro de 1998, alguém o assassinou com um tiro no rosto, depois de pouco ele deixou a penitenciária.
Após sua prisão, João revelou detalhes de sua infância difícil, que, segundo ele, o levou à vida criminosa.
A Infância de João Acácio
João nasceu em Joinville, Santa Catarina, e perdeu os pais ainda jovem. Um tio abusivo criou ele e seu irmão, obrigando-os a trabalhar apenas por comida e frequentemente os agredindo. Quando não aguentou mais a situação, João fugiu de casa e começou a viver nas ruas. Tentou sobreviver realizando pequenos furtos e passou por vários empregos sem sucesso.
Com a polícia em sua cola, mudou-se para Curitiba e, posteriormente, para São Paulo, onde sua carreira de crimes prosperou. Lá, invadiu mansões de famílias ricas, roubou dinheiro, joias e outros objetos de valor, voltando para Santos, onde ostentava o fruto de seus roubos. Leva uma vida de luxo, com festas, roupas caras e apartamentos bem equipados. Na mídia, também ficou conhecido como o “Homem-Macaco” devido ao uso de um macaco mecânico para arrombar portas e cofres.
As Vítimas do Bandido da Luz Vermelha
João cometeu vários crimes violentos, e a polícia conseguiu identificá-lo por meio de suas lágrimas digitais deixadas nas cenas. Ele confessou quatro assassinatos:
- Valter Bedran : Um jovem de 20 anos que tentou impedir uma invasão em sua casa, mas foi morto com um tiro na cabeça.
- José Enéas : Assassinado por João após uma briga em um bar.
- Jean Von : Tentou parar João de entrar na sua casa, mas foi alvejado e morto.
- José Fortuna : Um vigia que foi morto enquanto trabalhava.
O crime mais brutal ocorreu quando João tentou estuprar Ingrid Yazbek, de 22 anos, durante um assalto. Ingrid reagiu, e João atirou nela, quase causando sua morte. Mesmo com Ingrid ferida, ele a usou como escudo contra o vigia José Fortuna, que acabou sendo morto.
O Depoimento de João
Após anos de prisão, João Acácio se declarou arrependido. Em um de seus depoimentos, disse: “Quando era mais novo, eu me orgulhava da violência. Era um tolo, mas agora me regenerei. Sinto-me como um santo. A violência tirou muitos anos da minha liberdade. Meu conselho para os jovens é: o crime não compensa.”
Em 1997, o sistema penitenciário libertou João, então com 55 anos. Ele voltou para Joinville, onde tentou se reconciliar com a família, mas a relação era tumultuada. Desempregado e sem perspectivas, acabou vivendo com um amigo pescador.
O Trágico Desfecho
No dia 5 de janeiro de 1998, o pescador Nelson Pizenghuer matou João Acácio Pereira da Costa. Nelson alegou legítima defesa, explicando que João ameaçou sua família e tentou atacá-lo com uma faca. “Ele xingou minha mãe e minha irmã, ameaçou até as crianças”, relatou Nelson. “Ele me propôs paz, mas ao apertar sua mão, percebeu que segurava uma faca. Era minha família ou ele.”
E assim terminou a vida do Bandido da Luz Vermelha, figura que marcou a crônica policial brasileira.