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Doca Street, o assassino de Ângela Diniz

Doca Street, o assassino de Ângela Diniz - mais novo

 

Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, foi um empresário que entrou para a história brasileira por conta de um crime ocorrido em 30 de dezembro de 1976. Nessa data, Doca assassinou sua companheira, Ângela Diniz, com quatro tiros no rosto, o que gerou grande revolta na sociedade e na mídia, trazendo à tona questões sobre a violência contra a mulher.

Ângela e Doca tinham um relacionamento conturbado, marcado por brigas e ciúmes. Eles se conheceram poucos meses antes do crime, e a intensidade do relacionamento foi tamanha que Doca deixou sua esposa e filho para viver com a carismática empresária. Ângela Diniz, conhecida pela imprensa como “a Pantera de Minas”, era famosa por sua beleza e por frequentar a alta sociedade brasileira. Sua morte gerou indignação pública, especialmente entre os movimentos feministas que começaram a ganhar força no país.

 

O julgamento de Doca Street

No primeiro julgamento, a defesa de Doca argumentou “legítima defesa da honra”, uma estratégia bastante comum na época para crimes passionais. Alegando ter agido por amor e sob um impulso emocional incontrolável, Doca recebeu uma condenação branda de apenas dois anos, podendo recorrer em liberdade. Seu discurso, no qual afirmou ter matado “por amor”, gerou revolta generalizada. A frase “Quem ama não mata” tornou-se o lema das manifestações feministas, destacando que o verdadeiro amor não poderia não faria um ato tão brutal.

A indignação popular foi crucial para a revisão do caso. Em 1981, a pressão dos movimentos feministas levou o Ministério Público a reabrir o processo. Dessa vez, a justiça foi mais justa: Doca foi condenado a 15 anos de prisão, cumprindo integralmente a pena. O caso se tornou um divisor de águas no Brasil, representando uma vitória na luta por justiça e pelo reconhecimento da gravidade da violência de gênero.

 

A lembrança eterna de Ângela Diniz

Enterraram Ângela Diniz em Belo Horizonte, e sua morte marcou a história como um símbolo de resistência contra a violência. O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema “Aquela Mulher”, abordando a dor das mulheres que continuam sendo vítimas da violência de gênero, dia após dia, de diferentes formas. A obra de Drummond destacou o absurdo de culpar a vítima por um crime, reforçando a necessidade de uma mudança cultural.

Em 2006, Doca lançou o livro “Mea Culpa ”, uma autobiografia em que retrata sua visão sobre uma tragédia que marcou sua vida e destruiu a de Ângela. O livro foi amplamente criticado, visto como uma tentativa de justificar o injustificável e se redimir.Ainda assim, a obra gerou debates sobre o arrependimento e as consequências de ações violentas motivadas por descontrole emocional.

Décadas após o ocorrido, as pessoas ainda discutem o caso Doca Street, especialmente ao falar sobre a evolução dos direitos das mulheres no Brasil. A luta por justiça para Ângela Diniz foi fundamental para o desenvolvimento de novas políticas e para dar maior visibilidade à necessidade de proteger as mulheres contra abusos e violência. A tragédia ajudou a desmistificar a romantização de crimes passionais e incentivou a sociedade a questionar práticas que perpetuam o machismo.

Doca Street faleceu aos 86 anos, em 2023, em decorrência de um ataque cardíaco. Ele deixou filhos e netos, mas as pessoas continuam lembrando sua história pela importância da luta contra a violência de gênero. As consequências de suas ações e a mobilização das mulheres em busca de justiça permanecem vivas na memória coletiva brasileira.

 

Doca Street, o assassino de Ângela Diniz - hoje em dia

 

 

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